2° LUGAR – POESIA INTERNACIONAL – VI Concurso Literário "Cidade de Ouro Branco"

 OS CONFINS DOS DIAS 

Osny Zaniboni Neto – Londres - Inglaterra

Óia lá, num ‘tão nem balançan’o…  

[as nuvens] 

... é, nem não – parecem até de mentira... 

... parece nem nuvem, ‘nt! 

Não, né? 

Parece que é de concreto  

ou só o embrulho, armação pura 

– ovo só a casca – 

(só o oco.) 

Nunca tinha visto uma nuvem que fosse  

tão-somente uma nuvem 

é sempre cois’outra, qualcoisa... 

Não hoje: dia do nunca. 

É... o tempo tá com uma cor esquisita hoje... 

... ‘cê vê? 

*** 

. Aqui e agora (ri que nunca) as coisas 

são exatamente o que elas são 

um mundo sem sombras 

onde o sol, a pino, 

tudo revela; 

janelafora, 

vejo uma ave 

voar em falso: 

batem-se as asas 

sem sair do lugar – quiçá  

esteja a voar ao revés? 

***

 

Ontem o sol se pôs 

na-hora 

num céu azul e só – 

um vasto vão livre, 

prado sem nuvens – 

: era uma gema estourando nos confins da cidade, 

depois da tarde... 

*** 

Anteontem 

eu via a lua minguando 

meio a tarde quente 

como um brinco avulso 

caído pelo azul... 

E de noite, 

olhei-a com fome e vi 

uma banana no teto da noite. 

*** 

Hoje 

o sol se pondo 

púrpura 

chapiscava as nuvens – 

imóveis imaginários da cidade de-lá, 

respingos de sol 

nas copas envernizadas de basalto 

salpicando a tarde de açafrão 

... réstias de ontem: 

encantescências. 

***


Amanhã 

o sol há de despencar meio-dia 

de-maduro 

e o firmamento 

, desatado, 

há de cair no dia seguinte  

sobre a cabeça da gente toda. 

*** 

... depois de caído o sol, 

as sombras, o frio, 

faz-se noite: 

brumas brilhantes 

na noite cheia 

de luar e zinco, 

o céu s’esgarçando, à noite, 

e seu véu de veludo e piche... 

*** 

No palco do céu (onde 

astros colidem em silêncio 

com postes de luz a cada noite) 

o sol aparece 

meia-noite, parecido  

com olho de coruja: 

[Ré: sonhos do sol e si lá em delírio maior.]

 

*** 

O depois de amanhã 

da beira à beira da noite 

o mundo despertando em frangalhos 

o céu um rendado de nuvens desfiado 

– o dia onde o dia há de não mais renascer – 

... com areia nos olhos, olha  

uma última vez o céu em carne viva 

– e então, o breu.


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