Vencedores Poesia Nacional – V Concurso Literário "Cidade de Ouro Branco" – 2022

 

Vencedores da categoria Poesia Nacional

 

Reinaldo da Silva Fernandes

Brumadinho/MG – 1º colocado

ESPERANÇAR

 

Esperança:

A palavra entre as palavras

 

Quando seu mundo desabar

procure

Ela está aí

escondida

encolhida

reduzida a quase nada

a um pontinho minúsculo

 

mas ela está aí!

 

Se a morte vem

e a angústia torna seu coração

em frangalhos

procure por ela

no átrio

no ventrículo

como um mendigo

a procurar agasalhos

 

Procure com cuidado

com uma lupa telescópica do Hubble

Você vai encontrá-la

no escondido

no infinito das galáxias

 

Procure com cuidado

Você vai encontrá-la

como uma obra de arte

como um escultor

torna o tronco lapidado

 

E se parecer o fim

e, enfim,

tudo ruir,

se ela lhe parecer perdida

e seu desespero não tiver medida

procure-a no fundo do poço

em cada torrão de terra

em cada destroço

Procure-a, seu moço,

com calma, sem alvoroço

 

A esperança vai estar lá

no longínquo do deserto

como flor de manacá

como um amor por perto

No alto da montanha

Como taça de champanhe

Feito pureza de criança

Feito, depois da tempestade, a bonança

 

Ela vai estar lá

Que assim seja, Oxalá!


 ----


Roque Aloisio Weschenfelder

Santa Rosa/RS – 2º colocado

O PULSAR DA HARMONIA

 

No universo tão infinito,

Tudo pulsa num compasso

Estipulado pelo criador

E regido por harmonioso amor.

 

Onde reina uma harmonia,

Nada acontece fora do normal.

De palavras nascem versos

Enfeitando páginas de jornal.

 

Um jardim ficará florido

Se houver capricho e cuidado.

As abelhas buscam seu mel,

As borboletas voam em bailado.

 

Só floresce um grande amor

Num ambiente harmonioso.

Nunca se sustenta a boa paz

Em recanto triste e belicoso.

 

As chuvas caem das nuvens

Vindas em ares harmonizados,

Mas, pelos pecados ambientais,

Muitos estragos são causados.

 

Corpo e mente em harmonia

Alimentam os bons pensares.

Soam músicas em sinfonia

Frente à harmonia dos altares.


 ----

Ronaldo Dória dos Santos Júnior

Rio de Janeiro/RJ – 3º colocado – 2022

CHUVA FINA EM DIA NUBLADO

 

Outro dia sonhei com você

Foi daqueles sonhos quase reais, que nos deixam tristes quando acordamos

Por instantes eu tive a felicidade de novo em meu poder

Vivi outra vez a alegria que juntos passamos

Há quanto tempo tudo terminou já nem sei

Talvez nem saiba ao certo o tempo em que estamos

Já não há correto ou errado, desordem ou lei

E essa solidão só me faz vegetar cada vez mais com o passar dos anos

 

Meus dias estão sempre nublados

Envoltos numa neblina onde é impossível enxergar

Decerto há a saudade daqueles velhos dias ensolarados

Estou à espera da chuva fina que certamente cairá

 

Dizem que o amor despoja o homem de toda sensatez

Precisa ser apenas sentido, não examinado como olhos da razão

E eu senti o amor na carne quando a beijei pela primeira vez

Devotei um sentimento sincero sem saber que estava às portas da destruição

Em meus sonhos ainda vejo o tom amorenado de sua tez

Basta acordar e vejo que impera a lei da solidão

E não há nada que se faça para terminar o que ficou pela metade

Nem atos extremos ou palavras em excesso

Já fui um peregrino em busca da felicidade

Hoje sou o próprio Josef K. saído das páginas de O Processo

 

Agora o mau tempo parece desabar sobre mim

Minhas lágrimas rolam e caem nesse chão molhado

Talvez isso tudo ainda tenha um fim

Do céu vem a chuva fina desse dia nublado

 

Dizem que tudo que acontece foi escrito pela mão invisível do Criador

Jamais acreditei nesse Deus injusto que parece fazer tudo errado

Desisti das minhas crenças na vida, na felicidade e no amor

Sou um homem só, cercado de dúvidas por todos os lados

Hoje sou como um velho rei destronado

Sempre lembrando os áureos tempos do poder

Olho as nuvens cinzas de mais um dia nublado

Convenço a mim mesmo de que hoje, ao menos hoje, não há de chover

 

----

 

Robinson Silva Alves

Coaraci/BA – Menção Honrosa

TRISTES OLHOS

 

Olhos do fim do mundo

Avistam abismos

Abismos profundos

No fundo

 

Vagam inertes

Pelas ruas

Sombras presentes

Realidade crua

 

Na estrada do destino

Sangram sozinhos

Perdem-se no começo

Não encontram caminhos

 

Sem esperança

Apenas espinhos

 

Vítimas indefesas

Tombam feridas

Não têm direito a viver

Não têm direito à vida

 

Sombras e cicatrizes

As mais tristes feridas

 

Morrem fuzilados

No frio cais

 

Reina a morte

Inaudíveis ais

 

Seus gritos

Nunca serão ouvidos

Tombam nas calçadas

Feito pássaros feridos

 

Lágrimas de dor

Cálice ilusão

Masmorras do medo

Cárcere solidão

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